O Centro Juvenil de Artes Plásticas surgiu das ideias revolucionárias de dois educadores, o professor e artista Guido Viaro e a professora Eny Caldeira. Guido Viaro, foi escolhido para ocupar a Chefia do Serviço de Artes Plásticas da Secretaria de Estado da Cultura, em 1952 e a professora Eny era diretora do Instituto de Educação do Paraná (IEP), iniciando sua gestão também em 1952.
Embora Viaro não tenha sido professor no Instituto de Educação do PR, suas relações com essa instituição nos anos 50 eram muito intensas e constantes. Isso se deve ao bom contato com as lideranças educacionais da Instituição, como Eny Caldeira, educadora e grande estudiosa e incentivadora da arte na infância. Viaro e Eny Caldeira, desenvolveram uma amizade calcada, nas afinidades artísticas e nas ideias comuns sobre a importância da arte na educação. Eny, apreciava o trabalho desenvolvido por Guido, que já tinha escolinhas experimentais de artes para crianças, relacionando-o aos estudos feitos na Europa em cursos de Jean Piaget e Maria Montessori.
Em 1953, por ocasião da comemoração do Centenário da Emancipação Política do Paraná, o então Governador do Estado, Bento Munhoz da Rocha Netto, grande incentivador da cultura e da arte, convidou a professora Eny Caldeira e o artista e professor Guido para coordenarem atividades para as comemorações do “Centenário da Emancipação Política do Paraná. A professora Eny sugeriu uma Exposição de desenhos com a participação dos alunos de Escolas primárias e secundárias do Paraná, contando com a colaboração de outros educadores, já envolvidos na educação da arte para crianças, como: Odete de Mello Cid, Lenir Mehl e Emma Koch. Junto a Viaro percorreram as escolas de Curitiba com tintas, pincéis e papéis incentivando e solicitando desenhos aos estudantes.
Como resultado da repercussão dessas ações, em 16 de junho de 1953 por meio de decreto, nº 9628, foi oficializado a autorização para o funcionamento do Centro Juvenil de Artes Plásticas, então instituição anexa ao Instituto de Educação do Paraná, que mesmo em caráter experimental, torna-se a primeira instituição no Estado do Paraná voltada ao ensino de arte para crianças.
Essas visitas as escolas resultaram em 13.000 trabalhos, dos quais Guido Viaro selecionou aproximadamente 1.000 para a exposição. A mesma aconteceu em um grande barracão, construído no Bairro Tarumã, especialmente para o evento. Essa exposição se tornaria o ponto de partida para a consolidação da “Escolinha de Arte” paranaense.
Ainda em 1953, sob a coordenação de Guido Viaro e da professora Eny Caldeira, foi organizado no sótão da EMBAP, um laboratório onde as normalistas aprenderiam a trabalhar arte com as crianças.
Posteriormente com o aumento no número de alunos, o CJAP atendia os adolescentes no sótão da EMBAP e as crianças no subsolo da Biblioteca Pública do Paraná.
Na mesma década, pelo Decreto-lei nº 6177, de 18 de outubro de 1956 o Centro Juvenil de Artes Plásticas foi oficializado como um equipamento pertencente a Secretaria de Educação e Cultura.
Em 1959, foi transferido completamente para a Biblioteca Pública do Paraná. Sua primeira sede foi conquistada em 1989, num casarão antigo do tradicional Largo da Ordem, Rua Mateus Leme, nº 56. Em 2004 a casa foi demolida e construído no terreno um novo prédio. De 2004 e 2006, durante a construção, as atividades do Centro Juvenil aconteceram nas dependências do Museu Casa Alfredo Andersen. Em 30 de junho de 2006, foi inaugurada a nova sede, adaptada para um melhor funcionamento das suas oficinas.
A criação do Centro Juvenil de Artes Plásticas, em 1953, mesmo atrelado às comemorações do Centenário de Emancipação Política do Paraná foi, na verdade, o ponto culminante de todas as ações empreendidas até então por Viaro, Erasmo Pilotto, Emma Koch, e Eny Caldeira, entre outros.
Nesse centro de artes, Guido Viaro tinha a intenção de estimular seus alunos a gostar de arte, e despertar a criatividade. Devido à influência do pensamento mais avançado em educação brasileira no período, o CJAP levantou a bandeira da arte voltada ao desenvolvimento da criança e de seu potencial criador.
Viaro, como idealizador do Centro Juvenil e diretor por 13 anos, justificava a importância das atividades manuais para o desenvolvimento da inteligência e da autoconfiança, bem como, do fortalecimento da personalidade da criança. Valorizando o fazer artístico e a expressão individual, o CJAP se colocava como uma alternativa de atividade fora do período escolar, em que, numa atmosfera de entusiasmo, poderia ser formada uma mentalidade nova, baseada na sensibilidade interior. Viaro valorizava a individualidade da criança buscando contribuir para o seu crescimento como ser social. Com uma personalidade marcante e autodidata, Guido Viaro inovou e criou não só como artista, mas, principalmente, como arte educador.
Em 1966 Viaro, passou a direção do CJAP a Victorina Sagboni Teixeira e, em 1971, faleceu no ateliê de sua residência, enquanto esperava alunos para uma aula de pintura.
Durante o percurso histórico, milhares de crianças e adolescentes frequentaram as aulas do Centro Juvenil de Artes Plásticas. Muitos desses se tornaram artistas e se destacam nas mais diversas linguagens, seguindo a perpetuar os ensinamentos do grande mestre Guido Viaro, embelezando e colorindo o mundo de forma sensível e criativa.